Rogerio Skylab, um transeunte dos genêros

rogerio skylab

Eram meados de 2010 quando eu o ouvi pela primeira vez, nesta época já estava chegando ao fim a sua série de Skylabs, estava em seu IX volume. Tragicamente a primeira música que ouvi foi a famigerada “Câncer no Cú” nos áureos tempos da Faculdade, onde meu Nokia N73 com seu falante ensurdecedor divertia a turma com esta bela canção. Mas engana-se quem acha que Skylab em seus 25 anos de lápide musical compõe para divertir seus ouvintes, tudo é composto de forma trágica e desde então tenho mergulhado profundamente nas entranhas de suas composições.

São canções que nos remetem ao dia a dia, pode ter certeza que volta e meia você vai deparar-se com algo chato que já aconteceu na sua entediante rotina. O mais legal que em sua vasta discografia Skylab intercala canções com poesias, todas logicamente voltadas ao trágico ato de sobreviver neste mundão.

Para você que não acredita em bulhufas do que escrevi faça um exercício simples, ouça uma música aleatoriamente, e depois refaça o exercício… serão duas identidades completamente diferentes, sua visão sobre a mesma canção será totalmente controversa, um paradoxo que você mesmo terá de tentar resolver e no quê acreditar, esta é a catarse de Skylab, ele consegue criar canções que podem tomar rumos e interpretações distintas. Sempre cirúrgico em suas letras, existe a todo momento um alvo específico, e por tratar-se do cotidiano de uma forma crua, atinge também muita gente desnecessariamente, muito pelo fato de nos identificarmos com aquilo e que muita gente não tem a coragem e o sentimento de expor em suas canções o sentimento verdadeiro de escracho.

Ele possui um site oficial: http://www.rogerioskylab.com.br onde encontramos seus contatos nas mídias sociais, biografia, discografia e notícias. Em algum momento oportuno ele disponibilizou gratuitamente suas músicas no próprio site, atualmente não mais.

Dia 22 de Setembro Jô Soares já em sua última temporada a frente de seu Talk Show, convidou mais uma vez Skylab para uma entrevista, onde divulgou o lançamento de seu DVD. Só que para mim, o principal foi a sua divagação (Descobri a pouco tempo que é formado em Filosofia, talvez por isso consiga divagar fluentemente e sobriamente sobre muita coisa) sobre pessoas que nascem com talento e àqueles que são desprovidos, entretanto  com foco (Não sei se a pessoa focada tem como talento o foco e concentração, pode ser) constroem aquilo o que querem e conseguem entregar o mesmo resultado, achei sensacional esta divagação. Me identifiquei pois não possuo talento algum, e quando pego para fazer algo, por menor que seja gera um trabalho imenso, desgastante… mas acabo entregando o que pedem.

Vale ressaltar que sempre que vai ao Jô suas entrevistas são as melhores e com seriedade, uma vez que em outros Talk Shows, talvez até pelos entrevistadores serem seus fãs, tudo acaba indo para a comédia e usam de declarações do Skylab para se basear a entrevista, o que é um absurdo, mas enfim apenas uma opinião.

Confiram, inédita no meu canal:

Canções como: Mictório, Carrocinha de Cachorro Quente, Meu Pau Fica Duro, Segunda Feira, Cagar é bom Demais, Chico Xavier e Roberto Carlos, Tem Cigarro Aí, Tudo é tão Deprê, Aqui Todo Mundo é Preto, Tão Perto e Tão longe, Teletubbies, O Primeiro Tapa é Meu, Hei Moço, Já Matou Uma Velhinha Hoje?, Eu Tô Sempre Dopado são minhas favoritas.

Sem contar a mais conhecida Matador de Passarinho (Não caçador)  que até cansei de escutar. Temos as poéticas PutaDedo, Língua, Cu e Boceta e a canção que faz as feministas arrancarem cabelos, a Você é Feia.

O título onde remeto Skylab como um transeunte é pelo fato do mesmo amar a transição de gêneros e que foi seu ponto alto, onde depois da série de 10 (Ou X) Skylabs onde o som predominante era aquele rock de garagem, partiu afundo na MPB com sua trilogia dos carnavais (Abismo e Carnaval, Melancolia e Carnaval, Desterro e Carnaval) onde trata de uma forma paradoxal sobre maior patrimônio carioca, e por ele ser carioca é o que deixa tudo ainda mais foda!

Falando em Matador de Passarinho, por um tempo Skylab teve um Talk Show no Canal Brasil, excelente, pois traziam personalidades do Lado B do show entertainment e com entrevistas do mais alto e valioso quilate, onde era notório que o entrevistador buscava e garimpava histórias interessantes e muitas vezes nunca questionadas por outros na entrevista, além de todo o clima fúnebre com gaiolas suspensas e iluminação baixa. Uma pena que acabou!

Vou sempre achar que ele e Nick Cave andam juntos. São irmãos musicais, de gênero e estilo só que de pais diferentes…

Antes de tudo, para mim é um Poeta e Escritor depois sim um Compositor e Músico. Um poeta incompreendido e dos incompreendidos!

E você já ouviu falar deste transeunte musical? Se não, perde uns 5 minutos aí e conte-me o que achou. O seu comentário é a alma do Blog.

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9 comentários sobre “Rogerio Skylab, um transeunte dos genêros

  1. Não conheço muito a música dele, é claro que tenho uma noção por ter ouvido algumas delas, mas o que mais me chama a atenção nele é a personalidade e o modo de pensar e agir no mundo. Você sabe, há muita gente no mundo, 7,6 bilhões de seres na última vez que vi. E eu acredito que a coisa mais normal do mundo é que grande parte dessa galera siga um ritmo normal, ordenado e calculado, digamos que seguem o ritmo da correnteza com modos de agir e pensar ordinários. A figura do Skylab tem um não sei quê que me parece girar em sentido anti-horário, alheio à correnteza, alheio à moral que rege a normalidade dos homens. E o que mais me admira é que não é por atitude forçada, essa anti normalidade, esse seguir o próprio ritmo ignorando as forças que impelem o cidadão comum ao cotidiano, tributário e fútil (parafraseando Pessoa) flui nele de um modo natural e espontâneo que me admira.

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  3. Também conheci o Rogério assim, num clima de comédia, a partir de uma entrevista do Jô. Depois fui conhecer melhor sua obra e me tornei fã de sua poética crua e trágica do cotidiano. Só uma pequena correção: apesar de a música Cagar é Bom Demais ter sido atribuída a ele por conta da temática, ela foi composta pelo Língua de Trapo. Não consigo imaginar a voz do Skylab em outro estilo musical, vamos ver como ele vai se sair nesta nova fase!

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    • Sim, toda vez que ele muda seu estilo musical é uma ansiedade, e sempre nos surpreende positivamente! Curiosidade essa da música Cagar é bom, não fazia ideia. Língua de Trapo até hoje só tinha ouvido “Eu amo este homem” homenagem à Luiz Inácio Lula da Silva. Obrigado Xará!

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  4. Conheço o som do Skylab desde o início dosdos anos 2000 e concordo bastante com tua análise. Fiz um post sobre uma apresentação dele uns dois anos atrás no meu blog. Dá uma conferida lá! dhiancarlomiranda.wordpress.com/2014/01/16a-performance-de-rogerio-skylab-no-canal-brasil/

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