Vou me arriscar a tratar de um assunto que não é minha especialidade e que, assumo, tenho até certo receio de cavoucar para não cair no erro do discurso vazio e infundado. A turbulência escaldante em terras tupiniquins – nunca antes vista na história deste País – e o ódio de parte a parte, impossibilitando conversas de bares amenas sobre ser PT ou não ser PT (eis a questão), me motivaram a tentar traçar um perfil que não está nem para oito, nem para oitenta.
Afinal, não é possível imaginar que uma sociedade de mais de 200 milhões de pessoas seja rigorosamente dividida entre aqueles convictamente decididos pelo impeachment e outra parte incondicionalmente leal a Lula, Dilma e o legado por eles deixados. Não, não consigo acreditar nisso e acho que faltou reflexão àqueles que estão sendo deixados levar por esta imposição midiática. Não é possível que essa questão seja equiparada ao sentimento futebolístico, mesmo que sejamos herdeiros do país do futebol (esse é tema para outro texto).
Na tentativa de encontrar uma solução para o conflito e criar bases sólidas de argumentos, os milhões de brasileiros agem como técnicos posicionando milagrosamente as peças na prancheta, adotando táticas e discutindo estratégias perfeitas para driblar a crise e superar as dificuldades políticas, econômicas e sociais em que estamos afundados.
Em cima do muro?
Tudo bem, ninguém gosta de ficar em cima do muro. Já ouvi de um conhecido que na falta de saber o que dizer, fale qualquer coisa só para não parecer ignorante, e parece que está sendo esse o nosso erro como sociedade democrática. Não estamos conseguindo, ou melhor, não queremos enxergar e ponderar as razões do discurso alheio. A maioria pelo menos está agindo dessa maneira.
Mas quero acreditar que no meio desse bolo todo estejam os tímidos e suprimidos cidadãos indecisos sobre o melhor rumo para o Brasil. São pessoas que não são nem muito esquerda, nem muito direita (alguém consegue delimitar isso por aqui?), e que estão quietas, não por opção, mas porque não conseguem encontrar espaço nem aceitação para suas ideias.
Neste caso é bom estar em cima do muro. O que não pode é sair gritando aos quatro cantos que defende este ou aquele simplesmente pela necessidade supostamente imposta pela massa de escolher um dos lados. Sem reflexão, sem estudo, sem conhecimento do passado e do presente e, principalmente, sem verdadeira isenção de julgamento, é complicadíssimo realizar uma escolha justa com a filosofia de vida pessoal.
Nem coxinha, nem petralha. Vamos analisar os fatos, discutir civilizadamente, saber ouvir o que o outro tem a dizer e, assim, acharemos um denominador comum e a união que os brasileiros precisam para atravessar esse túnel constantemente alimentado pela intolerância.
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