Finais da NBA: de lavada em lavada

Warriors x Clevs

É corriqueiro ouvir nos discursos de atletas profissionais, independentemente do esporte, que um título é construído “passo a passo”, “degrau a degrau”, “com humildade”, “respeitando o adversário” e decidido “nos detalhes”, geralmente por margens mínimas de pontuação.

Pois bem, não é o que estamos vendo nas tão aguardadas finais da NBA, a liga norte-americana de basquete. Depois de uma temporada desgastante de 82 partidas e três séries decididas numa melhor de 7 jogos (quem vencer 4 leva), Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers se reencontraram na grande final, também disputada numa melhor de 7 confrontos, reeditando o embate do último ano, vencido pelo Warriors por 4-2.

Daí surge a pergunta: OK, qual a novidade? Os campeões de cada conferência (teoricamente, os dois melhores times) chegaram à final e pelo segundo ano consecutivo. Muito óbvio. Seria uma perda de tempo acompanhar os confrontos preliminares?

Para o torcedor do Cavs pode até parecer isso mesmo, pois o time de Ohio despachou Detroit Pistons e Atlanta Hawks sem perder uma partida sequer, e na final de conferência, contra o único canadense da liga, o Toronto Raptors, não teve tantas dificuldades assim como os 6 jogos (4-2) necessários para avançar possam sugerir.

westbrook

Westbrook e Durant: não foi só cara feia que assustou os Splash Brothers.

Para os Warriors, porém, a história foi outra. Depois de uma temporada regular praticamente perfeita, com 73 vitórias e apenas 9 derrotas, quebrando o recorde histórico do Chicago Bulls de Michael Jordan (72-10 na temporada 1995-1996), todo mundo imaginava que o time de Stephen Curry, Klay Thompson, Draymond Green e – por que não? – dos brasileiros Leandrinho Barbosa e Anderson Varejão passaria por cima de qualquer adversário, sem dó nem piedade. Bom… Houston Rockets e depois Portland Trail Blazers não conseguiram segurar os californianos, mas ao menos beliscaram uma vitória. Na final da Conferência Oeste, porém, os atuais campeões tiveram sua maior prova de fogo. Contra um inspirado Oklahoma City Thunder, liderado por Kevin Durant e Russell Westbrook, Golden State teve que se superar para reverter uma desvantagem de 1-3 e fechar o confronto no sétimo e derradeiro confronto.

Não acredito que isso seja um sinal de decadência, ou que seu jogo de “pega e arremessa” tenha ficado manjado, mas sem dúvida alguma o estilo de jogo da equipe, influenciado pela habilidade incomum de seu astro maior, Stephen Curry, foi estudado incansavelmente por toda a liga, representada pela jogo intenso e de força física do Thunder.

 

… mas e a final?

Todo este introito para chegarmos à série atual, que começou surpreendendo muitos fãs e críticos. Com Cleveland embalado e Golden State passando por “dificuldades”, a expectativa geral girava em torno de jogos equilibrados, talvez decididos em uma ou mais prorrogações…

Pois bem, de óbvia esta série não tem nada até aqui. Os atuais campeões não só venceram os dois primeiros duelos: passaram o trator sobre LeBron James e cia., com placares marcando 104×89 e 110×77, incríveis 48 pontos (!) de vantagem.

lebron

Estava ficando vergonhoso, hein, LeBron…

Já pode estourar a champanhe e partir para a galera? Nem pensar! Sob uma pressão imensa e com o apoio da massa de Cleveland pela primeira vez na série, os Cavaliers ressurgiram das cinzas no terceiro confronto e aplicaram sonoros 120×90, mantendo vivas as esperanças de título e diminuindo para reversíveis 18 pontos o placar agregado.

Tudo bem que a soma dos placares não tem importância na decisão, como acontece com outros esportes, mas fazendo uma comparação bastante imprecisa, seria como uma equipe de futebol vencer o primeiro confronto de mata-mata por 5×0 e depois levar de 5×1 no jogo de volta, como aconteceu no histórico embate pela Copa Libertadores de 1995 entre Palmeiras e Grêmio (quando o meu alviverde foi eliminado).

 

… e cadê o MVP?

Stephen Curry

Tá difícil?

O mais surpreendente – eu acrescentaria, preocupante para o Cavs – é que Curry, o MVP (most valuable player, ou traduzindo grosseiramente, o melhor jogador) da temporada, ainda não apareceu para jogar a série final. Anotando 11, 18 e 19 pontos, com média de 16 pontos por partida, ele passa longe de seus 30,1 pontos em média na temporada regular – e mesmo dos 24,4 pontos por partida nos playoffs deste ano. Pior que a baixa pontuação é o fato de ele não estar sendo decisivo para a equipe, como era de se esperar de um MVP.

O primeiro jogo foi marcado pela coletividade, com grandes atuações dos reservas Livingston (20 pontos), Iguodala (12) e Leandrinho (11). No segundo, quem brilhou foi Draymond Green, com 28 pontos e cinco bolas de três convertidas. Já no terceiro embate, com um péssimo começo, todos os jogadores estiveram abaixo de seu desempenho habitual e Curry, de quem se espera uma liderança nessas horas, anotou míseros 2 pontos em todo o primeiro tempo, prejudicado também pelas faltas bobas que cometeu, que reduziram seu tempo em quadra.

Ainda assim, mesmo sem contar com seu maior astro, Golden State lidera a série. E se ele resolver jogar? Cleveland terá forças para a virada? LeBron James vem fazendo a sua parte, mas careceu de um melhor desempenho de seus companheiros. Quando eles resolveram a jogar, Cleveland venceu.

Interessante cenário para o futuro, não? Vamos esperar os próximos jogos.

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